Tu ouves, mas não sabes...
Não sabes o que é gritar sem ninguém te ouvir. Quando te nasce por dentro a revolta que te mói devagar até te amarrar como ferros de fogo. Quando não pedes uma segunda oportunidade, quando apenas queres poder viver esta que já tens e o mundo te vira as costas. Quando já escolheste e não te deixam seguir caminho. Quando todos os dias são iguais e te sentes, repetidamente a cometer um erro igual ao de ontem e tão parecido ao que vais cometer amanhã. Quando cometeram injustiças contigo e agora o injusto és tu. Nessa luta que se trava no teu peito, enquanto és presa ou depois predador, quando ganhas ou és perdedor. E a vida inteira a chamar por ti e toda ela contra ti.
E a perceberes qual foi o momento em que fizeste tudo errado, quando desesperadamente querias fazer o certo...
E envelheces assim. Nessa luta ainda e sempre dentro de ti. Luta dos espíritos rebeldes sem perceberes que toda a vida se resume aos erros repetidos que cometemos. Aqueles com que aprendemos e os outros. Aos momentos em que rimos dos erros ou chorámos por eles. Os que se transformaram em coisas boas e os que nos deixaram as feridas no peito.
Mas no fim, não são sequer os erros que cometeste que importam. Mas sim tudo o que fizeste depois disso. Porque não deixaste de lutar, nem contra ti nem contra ao mundo. Mesmo quando te revoltaste contra a vida e lhe respondes-te: fo**-te. Como se fosses desistir...
Pelo amor. Amor à vida. Por esse amor que carregas nesse coração enorme que talvez te transborde do peito. Pela coragem. Por saberes que inevitavelmente deixar de errar é perder todo o sentido que a vida incerta pode conter.
Como confissão: nem te dês ao trabalho de perceber o que te disse. Nesta confusão em que hoje estou cá por dentro, nem eu consigo entender-me.
(Copiado de algum site...)
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