Deito o que almejo
E a impossibilidade de tê-la,
sustenta os momentos vazios,
criando um templo de onirismo,
onde minha mente remonta memórias,
caçando pequenos fatos, a fim de retê-la.
Pois assim desnudo-te em lembranças não vividas.
No além do possuir existem os sonhos.
Objetos etéreos de uma felicidade não sentida,
não degustada, não provada.
É a ultravida que se mostra em telas de
cores sem descrição possível aos olhos
daqueles que crêem que o amor é alcunha
de um sentimento banal das mentes passionais.
Com você e por fim, entendo a cupidez,
Um fogo pouco e intenso.
Que queima até os ossos.
Que arde no silêncio,
devorando-te o senso.
Mas que coisa nociva é essa?
Se o amor é probidade dos amantes?
Que chama é essa que não somente aquece?
E que silêncio é esse que perturba?
Ah essa sombra, se num dia de sol eu não tivesse
descansado sobre ela,
deixaria o entendimento do fundo da paixão,
compreendendo tão somente o claro espelho que forma
sobre a superficialidade.
Mas aqui estou eu,
descrevendo as entranhas do dragão,
importando-me com os amantes.
Haveria vitória sobre o impossível?
De certo, como em todo rito de passagem,
Adquirimos mais poderosas dúvidas e
aprendemos que as repostas de outrora
nem eram tão imprescindíveis assim.
Deito meu desejo...
Abian M. Laginestra